terça-feira, 3 de abril de 2012

Quadro feio


como uma tela mal feita, rasurada, borrada, manchada... é assim que te vejo. como aquela tela que horas dediquei tentando preencher todos os espaços em branco. não tinha idéia do que desenhar, menos ainda de que material usar. tentei de tudo, desde lápis de cor e nanquim, até óleo e colagem. porcaria. joguei tantas fantasias, historias, esperanças. joguei duas almas que se amavam e dois corações que se contemplavam (explodiram-se tinta sangue e cósmico). era pra ser a tela mais bonita, mais bem feita, mais transparente, mais eu interior. era pra ser exposta em Roma, cidade dos apaixonados. decepcionei-me. na tela tinha até choro, que se misturava com a tinta óleo ainda não seca, meleca. no fim tudo preto, tudo feio, tudo estragado. você que se fez assim pra mim, todas as coisas que depositei em você, que confiei a você foram quebradas, destroçadas, choradas migalhas. miséria de desenho, e eu nem poupei material. te criei lindo em meus pensamentos, mas ao te botar no papel tudo trocou de lugar, de forma.
os sentimentos se distorceram... e eu confio nos meus quadros, na minha arte...
não é ‘’talvez’’nem ‘’quase’’ que eu uso hoje, é certeza. você nada mais é pra mim, que aquele quadro que violou todas as regras e se tornou horrendo.
logo nós que falávamos de arte, fazíamos arte e vivíamos de arte... logo você...se tornou minha maior frustração e poluição visual.



ps. vou deixar na frente de casa pra ver se alguém pega aquele grotesco quadro, e tenta alguma utilidade.