segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dona morte

como uma noviça em peregrinação eu andava. olhava para os lados e para o chão. reparava os restos  de cigarro que usurparam o branco dos ladrinhos poloneses da calçada. mais trabalho pro gari, menos trabalho pros fumantes. me enquadro nessa classe, não sinto orgulho. prefiro perder meu ar em outras ocasiões. em surpresas por exemplo. porém a monotonia acaba sendo tão comum quanto uma safra de vinho na adega. então, mais uma gangrena por favor?
o primeiro cigarro vem juntamente com a insônia mal curada. o segundo com os problemas que acumulei e aborreceram os pensamentos. o terceiro vem porque a nicotina do meu corpo esta chamando o clã pra juntar-se a ela. 20 cigarros 24 horas. na merda estou, e sei. um dia quem sabe eu saia daqui. viva.
é isso? propagandas negativas em massa pra evitar que eu morra?
palmas a sociedade que se preocupa com os saúde do seu cidadão por meio de publicidade, não de solução.
não é o fim do mundo saber que tu vai morrer(mais cedo) pelas suas próprias mãos. não confiaria minha morte a ninguém.

vou morrer uma hora, todos vão...e nunca parei pra pensar. o medo alias, me impede até hoje de amadurecer algumas idéias. não quero pensar que vou morrer logo, tarde, na hora certa, por cigarro, sem cigarro. quero pensar que vou morrer apenas. me desapegar um pouco do que me prende. afinal a única certeza que temos é a morte, e foi dado uma vida inteira pra revisar esse conceito sem mudar o fim.