sexta-feira, 15 de junho de 2012

a ressaca me fez escrever sobre a culpa de termos encostados nossos corpos. assumo uma fisionomia sugada pela palidez, desde traços de minhas veias verdinhas a olhos bem fundos. o esqueleto é pouco perceptível, mas o colo e as costas magras não negam que a destruição deixou rastros até aqui, na minha aparência. já não pareço uma morena bonita e cobiçada, perdi meu bronzeado, minha postura, meu charme. sou fraca, fraquíssima vista a olho nu.e pálida até o mindinho.
a ultima vez que fomos vistos juntos, vivendo aquele mesmo papel de solitários insanos, foi na mesa de bar. bebíamos vinho. e entre nosso estupro de olhares dávamos os mesmos goles. saiamos juntos, rindo pela calçada ao encontro do carro. meu salto nunca se deu bem com essas calçadas, tu assumia a postura de abraço de urso, de ''não vou te deixar cair'' - nem acontecer absolutamente nada de ruim enquanto tu estiver aqui. era tão feliz brincar de namorado contigo...
culpo esses maravilhosos dias, por me estenderem a felicidade completa daquele momento e me darem a tortuosa dor da saudade.