sexta-feira, 3 de agosto de 2012

nua, janela e cortinas abertas, noite, sudoku completo pelo tédio. vida patética pra alguém com duas décadas nas costas. eu sei, deveria estar aproveitando a noite nos bares baratos, com pessoas sujas, e luzes que não são as do meu quarto. sei lá, prefiro minha companhia. prefiro meu moleskine sobre o colo nu.
o clonazepam de hoje já foi tomado. gotas a mais, que a insonia é agressivamente feroz. remédio, alivio instantâneo. decidi não colocar nenhuma gota de álcool pela garganta. dizem que álcool e anti-depressivos não é bom. acredito um pouco no que as pessoas me dizem, me sobrou um pouco de confiança alheia. confesso que um dia sã é cada vez mais difícil.
tô dopada alem do normal, deve ser essa ânsia de curar meu vazio metódico e doentio com remédios demais. pouca luz e meu papel é continuar a escrever sobre coisas que não sei. sobre coisas que o trago do meu cigarro não cura. é essa ansiedade que me mata aos poucos. a ansiedade da vinda que nunca chega.... e me deixa assim, cabelos por pentear, unhas por fazer.
o incenso acabou, enjoei das minhas musicas, e nada anda me agradando, tudo falta numa falta que não preenche nada. é falta.
infelizmente sou sínica, por essa madrugada me admito sínica.
tento todos os dias acordar e ser feliz, e é cansativo, me consome. posso ser infeliz só um pouquinho? o adesivo colado em todos os lugares não me deixa, ele diz ''sorria, você está sendo filmado''... então filma toda essa infelicidade porra!!!!
filma da janela vizinha meu corpo sujo de tristeza e melancolia. filma também o foda-se que eu mando pra essa sociedade que insiste em me enlouquecer com seus padrões. psiquiatria, psicologia, religião, politica.
não nasci santa, nunca fui certinha e não sou uma pessoa má. sou uma mutação diária e enlouquecida. meu libido sexual pode diminuir sim, e eu posso cortar meus cabelos. posso ser magra quanto quero sem ser taxada de doente. me deixa afundar nessa fossa sozinha, não precisa me dizer que isso é fase, eu sei e que vá a merda. deixe-me aqui. afinal, é normal né, a vida não são só flores tanto que ela cheira poluição. a minha vida é uma carne ambulante com mente de artista que me afoga e me trás o ar esporadicamente.
meu estilete, só serve pra descascar as unhas, não corto nada, nenhum papel, nem mesmo a carne. bloqueio criativo sabe? empaquei minha arte. e como de praxe sempre vou procurar a culpa, pode ser a energia negativa das eleições que estão chegando, ou o café amargo que tomei pela manhã, ou a falta de álcool.


provavelmente seja, mais um dia sem você.